Sabemos que os impactos da crise climática que acomete o mundo afetam também a indústria. A procura e o consumo de energia crescem mundialmente, e seu reflexo se dá no aumento da emissão de gases do efeito estufa. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que, no Brasil, o aumento do consumo de energia acontece a uma taxa de 2,5% ao ano, e a indústria é um dos setores que recebem maior destaque nessa demanda.
Ao mesmo tempo, o mundo tem visto uma maior preocupação dos setores públicos e privados com a redução do efeito estufa e do aquecimento global. É por isso que tem se falado tanto na abordagem de “Energy Saving” e eficiência energética, pois a redução do consumo de energia influencia positivamente na redução das emissões de gases do efeito estufa. A eficiência energética, pela primeira vez, tem sido vista como mercadoria negociável e estratégica para a indústria em diversos países. Desde 2015, o número de certificações ISO 50001 cresce exponencialmente. Isso demostra o quanto a indústria passou a dar importância para as práticas de eficiência energética, para redução de custos e de seu impacto ambiental.
O que é a ISO 50001?
A norma ISO 50001 foi criada em 2011 pelo ISO Technical Committee (TC) 242 – Energy Management, e foi implantada no Brasil pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Em 2015, essa norma foi revisada e atualizada no Brasil, implementando-se termos adicionais para facilitar a aplicação e o entendimento da gestão de energia. Alguns dos termos adicionais são:
- ABNT NBR ISO 50002 – Requisitos com orientação para a realização de diagnósticos energéticos;
- ABNT NBR ISO 50003 – Requisitos para organismos de auditoria e certificação de sistemas de gestão de energia;
- ABNT NBR ISO 50004 – Guia para implementação, manutenção e melhoria de um sistema de gestão de energia;
- ABNT NBR ISO 50006 – Medição do desempenho energético utilizando linhas de base energética (LBE) e indicadores de desempenho energético (IDE);
- ABNT NBR ISO 50015 – Medição e verificação do desempenho energético das organizações.
A ISO 50001 utiliza como modelo de implantação o ciclo do PDCA, ou seja: Planejar, Executar, Verificar e Agir:
- Planejar como se dará a gestão energética;
- Fazer a gestão acontecer, controlando o consumo de energia dentro da empresa e reduzindo custos;
- Verificar dados e resultados, monitorando o desenvolvimento do plano de gestão energética;
- Agir para melhorar os resultados que foram verificados.
Desde que a norma foi implantada, mais de 20 mil certificados ISO 50001 já foram emitidos em todo o mundo. No Brasil, o número de certificados emitidos é o maior entre os países da América Latina. A norma tem o potencial de direcionar as indústrias a um consumo mais racional da energia, já que estabelece requisitos para a implantação de um Sistema de Gestão de Energia e incentiva as indústrias a alcançar a máxima eficiência energética
Mas por que investir em eficiência energética?
O elevado consumo energético da indústria não causa prejuízos apenas ao meio ambiente, mas também às finanças da empresa. Só neste setor, o consumo de energia costuma gerar milhões de reais em despesas desnecessárias. É um problema frequente de baixa potência por pouco aproveitamento. A boa notícia é que o problema pode ser facilmente resolvido: é possível evitar esse desperdício e aumentar a produtividade da sua empresa.
No artigo anterior desta série, já vimos que a indústria tem um grande potencial energético —um dos maiores dentre todos os setores. Por isso, investir em soluções para reduzir o consumo de energia traz grandes vantagens às operações, além de competitividade no mercado. O Manual de Eficiência Energética na Indústria, desenvolvido pela Copel, garante que a empresa que investe em eficiência energética aproveita melhor seus equipamentos e instalações, reduzindo custos e aumentando o tempo de vida útil dos equipamentos.
Além da economia de recursos, redução de gastos e aumento da produtividade, a eficiência energética também proporciona uma melhora de qualidade no produto final, já que todo o processo é impactado positivamente, evitando retrabalhos e desperdícios de material. Isso garante não apenas a vantagem competitiva, como também a satisfação do cliente, que pode ser fidelizado muito mais facilmente. Com a gestão eficiente de energia, você também gastará menos com manutenção, já que suas instalações receberão menor impacto por nível de produção. A integridade do maquinário é garantida por maior tempo e a segurança é elevada, o que significa menor incidência de acidentes e queima de componentes. Investir em eficiência energética é investir na sua empresa e, por consequência, investir no país como um todo.