É fato que o nosso planeta já passou por diversos aquecimentos e resfriamentos durante a sua história, mas o aquecimento acelerado que estamos vivendo em decorrência do crescimento da atividade humana é considerado o mais grave entre qualquer outro evento semelhante nos últimos 2 mil anos. A proporção das mudanças climáticas desperta a preocupação de países do mundo todo, que têm se unido para discutir possíveis soluções para essa crise, que afeta a vida de todos em múltiplos aspectos.

O assunto também tem sido destaque na mídia global, e não apenas no âmbito público, mas também no privado. Empresas dos mais diversos segmentos, mas em especial a indústria, têm focado em ações que possam reduzir o seu impacto ao meio ambiente, buscando assim a sustentabilidade.

Recentemente, de 31 de outubro a 12 de novembro deste ano, em Glasgow (Escócia), aconteceu a COP26, uma conferência climática que uniu cerca de 200 países, para discutir questões climáticas e possíveis esforços para reduzir a emissão de gases que causam o efeito estufa. Desde 2015, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas reúne líderes mundiais de países desenvolvidos e emergentes, com o objetivo de se unirem na prática de ações que possam amenizar o aquecimento global.

O Acordo de Paris

Em novembro de 2015, em Paris, durante a COP21, 195 países assinaram um acordo em que firmavam o compromisso de estabelecer medidas de redução da emissão de gases do efeito estufa para combater a crise climática. O Acordo de Paris, como ficou conhecido, entrou em vigor no ano seguinte, em 4 de novembro de 2016, e fez história pela meta estabelecida unanimamente entre os países participantes de manter o aquecimento global abaixo dos 2oC.

Como uma das medidas, os países mais desenvolvidos deveriam destinar parte de seu rendimento anual para ajudar países emergentes a reduzir o uso de combustíveis fósseis.

A meta era que até 2020 seria atingida uma contribuição anual de 100 bilhões de dólares para ajudar os países mais pobres a se adaptarem ao uso de combustíveis sustentáveis e, consequentemente, reduzirem a emissão de gases do efeito estufa. Cada país também assinou suas próprias Contribuições Nacionais Determinadas (NDC), uma série de medidas que deveriam cumprir para colaborar com a meta de redução do aquecimento global.

Seis anos depois, a COP26 marcou história novamente por reafirmar e, principalmente, renovar esses compromissos. O novo acordo pediu aos governos que antecipassem os prazos da redução de emissões de gases do efeito estufa. A Rede Europeia de Ações Climáticas exigiu uma transição energética mais rápida, para que se atinja o uso de uma energia 100% renovável até 2040. A Rede Europeia ainda tem o objetivo de fazer com que toda a eletricidade seja proveniente de fontes de energia renováveis até 2035.

Repercussão da Conferência

Países como Nigéria, Palau, Filipinas, Chile e Turquia contestaram o texto, mas disseram que, embora houvesse imperfeições, apoiariam o acordo. China e Índia pediram alteração da proposta de “eliminação” dos recursos de energia não renovável para “redução gradual” desses. Irlanda, França, Dinamarca e Costa Rica criaram uma aliança para definir uma data final para a exploração e extração de petróleo.

Maldivas e Nova Zelândia mostraram descontentamento com as medidas, que acreditam não serem suficientes. Já os Estados Unidos se mostraram mais otimistas, afirmando engajamento com o acordo, que consideraram “uma declaração poderosa”. O Brasil se comprometeu a reduzir em 50% as emissões de gases do efeito estufa até 2030. No total, pouco mais de 90% dos países presentes na conferência se comprometeram a reverter o desmatamento até 2030. Até o mesmo prazo, mais de 100 países firmaram o acordo de reduzir as emissões de metano.

O chefe das Nações Unidas, António Guterres, afirmou estarmos em ritmo de emergência e, apesar de serem passos importantes, as NDC ainda não são suficientes. Guterres declarou que os esforços devem ser maiores para que o aquecimento seja limitado a 1,5oC. Já o presidente da COP26, Alok Sharma, afirmou que se forem cumpridas as medidas acordadas, será possível aumentar a meta até 2030.

Impactos e iniciativas da indústria

 

A indústria também tem feito sua parte para apoiar as medidas de redução dos combustíveis fósseis e emissão de gases poluentes. Aderir à eficiência energética é uma oportunidade não só de contribuir para a redução do aquecimento global, mas também de crescimento para o setor. Estima-se que ao menos 10,9% do consumo de energia pode ser reduzido sem prejudicar a produção, e ainda melhor: aumentando a produtividade. Essa é a prova de que aderir à gestão de eficiência energética impulsiona a capacidade da indústria. Por isso, além de necessária, a eficiência energética se tornou um diferencial competitivo.

Mas o que é eficiência energética?

Eficiência energética é a estratégia de otimização do consumo de energia que visa a implantação de ações de redução de custos de forma que não tenham impacto na produção — ou até que aumentem a produtividade. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), junto ao comércio, a indústria é um dos setores com maior potencial de eficiência energética. No entanto, para que a estratégia seja totalmente implementada na indústria, é necessário traçar um plano e criar uma boa gestão de eficiência energética que monitore de forma integrada toda a infraestrutura de operações.

A implantação e a gestão de eficiência energética envolvem modernização de equipamentos, adoção de novas tecnologias e reorganização da cultura industrial como um todo. Uma solução criada para esse fim que pode facilitar a aplicação da estratégia são os softwares de gestão de energia, recursos que permitem a coleta e análise de dados de consumo em tempo real e fornecem indicadores sobre o desempenho energético da indústria, tornando possível a adequação do plano de ações.

Além dos softwares, outros recursos podem ajudar na aceleração das ações de eficiência energética na indústria, como o Programa de Eficiência Energética (PEE), criado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que define investimentos do setor elétrico em programas de eficiência energética e também qualifica equipamentos e motores, através do selo Procel. Outra medida importante é a ISO 50001, uma norma criada com o objetivo de estabelecer requisitos para a implantação de um Sistema de Gestão de Energia. Obter a certificação ISO 50001 garante que a indústria tenha padrões de eficiência energética a seguir, o que facilita a aplicação da estratégia.

A Diretriz de Eficiência Energética (EED) da União Europeia prevê que as medidas de redução de gasto energético devem incluir tanto consumidores quanto a indústria, e podemos entender que isso estende-se para os demais países. O setor industrial é um dos que mais consomem energia, mas também é, como mencionou a EPE, um dos que possuem maior potencial de redução de consumo. É possível investir em eficiência energética reduzindo custos e é essencial que a indústria se adeque completamente a essa estratégia. Tornar a indústria mais sustentável é uma necessidade para o meio ambiente e uma oportunidade para o crescimento do setor.

Acompanhe as demais reportagens da nossa série sobre Eficiência Energética e saiba como tornar o seu negócio mais eficiente energeticamente.